04 fevereiro 2022

PRÁ QUEM É ÚTIL O ENSINO?

 ANO 16  ***04/02/2022 ***   EDIÇÃO 2031

Este já é o primeiro blogar de fevereiro22. A primeira semana foi marcada pelo meu retorno às lives neste 2022. Estas são três. No dia 01, terça-feira, falei para professores de escolas de Guaratinguetá SP acerca de alfabetização científica: um direito universal.

No dia 03/02, quinta-feira, na Universidade Federal de Viçosa MG, no Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas Públicas e Formação de Profissionais da Educação (GEPPFOR} a fala foi catalisada pelo livro Para que(m) é útil o ensino? e na noite desta sexta-feira falo na UNIFESP, em Diadema SP, acerca de Alfabetização científica: um direito universal.  

Hoje parece mais atual a afirmação que coloquei na portada do sexto capítulo do Para que(m) é útil o ensino?: Se a educação que os ricos inventaram ajudasse o povo de verdade, os ricos não dariam dessa educação pra gente (Frase que recolhi afixada em um cartaz, na Fundep/DER, em Braga, RS nos anos 1980).

Dentre estes três eventos, destaco aquele da UFV, no qual a Profa. Dra. Rita Márcia Vaz de Mello  foi a mediadora. Ela trouxe, entre significativas contribuições, uma entrevista, em 20016, a Eduardo Rosa para a ABEU/Associação Brasileira das Editoras Universitárias [www.abeu.org.br/]. Parece relevante recordar tempos pré-pandêmicos, quando nossos (a)fazeres eram tão díspares do agora, trazer a terceira das três questões destacadas na releitura da Rita, na noite desta quinta-feira.

[Eduardo Rosa] Por fim, gostaríamos de saber o que ainda o impele a ser um professor tão atuante até hoje, mesmo com mais de 50 anos lecionando e com presença em diversas instituições de ensino.

[achassot] Vou tentar trazer respostas a esta pergunta –- que tem sido muito recorrente ao professor que em 2018 se fará octogenário –- em duas dimensões. Numa sou o receptor das ações e em outra sou o doador.

Tenho dito (e ainda escrevi recentemente no blogue que há ações –- como estar a quase cada semana em estado diferente do Brasil dando palestras –- que tonificam ou revitalizam meu ser professor. Metaforicamente é a dopamina que preciso para potencializar necessidades a um pleno funcionamento de meu cérebro. Envolvo-me há mais de cinco anos na REAMEC (Rede Amazônica de Educação em Ciências e Matemática) em um (ex)(in)tenso voluntariado que inclui ministração de seminários nos estados amazônicos, presença em atividades docentes e orientação de teses doutorais. As semanas que não tenho viagem sinto uma abstinência ‘dessa dopamina’.

A segunda dimensão à resposta desta pergunta está referida ao contexto onde está inserta esta entrevista: Associação Brasileira das Editoras Universitárias. Tenho brincado que se um dos critérios para um bom lugar no paraíso (que parafraseando Gaston Bachelard, deve ser uma imensa biblioteca) for o número de livros transportados, eu só perco para livreiros. Tenho orgulho de eu já ter disseminado livros em cada uma das 28 unidades da federação. Sinto-me um mascate levando sempre uma mala de livros. Posso dizer que para centenas de jovens brasileiros eu oportunizei ter um primeiro livro autografado. Não é sem a minha contribuição física que A Ciência é masculina? É, sim senhora! (Editora Unisinos) chegou a 8ª edição em 2017 ou que Alfabetização científica: questões e desafios para educação (Editora Unijuí) terá seu relançamento em Belém em junho de 2018. Devo dizer que de todos os livros que escrevi este é o meu preferido. Talvez porque desde a primeira edição, em 2000 os direitos autorais de todas edições são destinados ao Departamento de Educação do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).

Estas são as duas dimensões: numa sou o receptor porque o meu ser professor é revitalizado pelas minhas ações e na outra sou o doador, pois com o semear livros ensejo que meus leitores se envolvam na construção de um mundo mais justo.

 

01 março 2019

ATENÇÃO, GRAVANDO: "OUVIRAM DO IPIRANGA..."


Passados dois meses de novo governo, algumas ações já podem ser vislumbradas, embora seus escassos resultados já deixam a população um tanto irrequieta. Logicamente que é pouco tempo. Isso grande parte concorda. 

Alunos perfilados exercitam o hino nacional em escola do Distrito Federal
Já vimos ações na segurança pública com o novo ministro encaminhando seu projeto anticrime; na área econômica o ministro anuncia com alarde a reforma previdenciária; na área ambiental uma faxina na superintendência do Ibama; etc e tal... 

Mas o que mais chamou a atenção na última semana foi a primeira ação do ministro da educação: sugerir às escolas o cântico do hino nacional, sendo o mesmo gravado sob a forma de vídeo e encaminhado ao ministério em Brasília. 

Vamos ler o interessante conteúdo:

“Brasileiros! Vamos saudar o Brasil dos novos tempos e celebrar a educação responsável e de qualidade a ser desenvolvida na nossa escola pelos professores, em benefício de vocês, alunos, que constituem a nova geração.
Brasil acima de tudo. Deus acima de todos! ”

Ricardo Velez Rodriguez

Prezados Diretores, pedimos que no primeiro dia de volta às aulas, seja lida a carta que segue em anexo nesta mensagem, de autoria do Ministro da Educação, professor Ricardo Velez Rodriguez, para professores, alunos e demais funcionários da escola, com todos perfilados diante da bandeira do Brasil (se houver) e que seja executado o hino nacional. 

Solicita-se por último, que um representante da escola filme (pode ser com celular) trechos curtos da leitura da carta e da execução do hino nacional. E que, em seguida, envie o arquivo de vídeo (em tamanho menor do que 25 MB) com os dados da escola (nome, cidade, número de alunos, de professores e de funcionários) para os seguintes endereços eletrônicos: 


Sou a favor de que se conheça o hino nacional, coisa que muitos ignoram, incluindo autoridades e pessoas de destaque. Tem gente que não passa da primeira estrofe. E o aprendizado desde as series iniciais faz parte da nossa formação cidadã. 

Mas honestamente, seria trágico não fosse cômica a atitude ministerial.
Grande parcela das Escolas Públicas está totalmente sucateada


Sabedores que somos das péssimas condições da educação nacional, da estrutura precária da grande maioria das escolas públicas brasileiras, é impensável que uma autoridade escolhida para realizar uma transformação naquilo que deve ser considerada questão fulcral no nosso desenvolvimento, aja desta maneira. 

Cá com os meus botões, fiquei imaginando o momento em que essa ideia foi gerida ali no gabinete ministerial. Me parece que houve por parte do ministro uma preocupação em se fazer saliente na equipe presidencial. De certo, imaginou ele, o ano letivo seria inaugurado por uma enxurrada de vídeos que lotaria a caixa de mensagens do ministério. E seriam tantos que o ministro convidaria o presidente para assisti-los em seu gabinete, e glorioso diria: 

Viu, presidente? Estamos abafando! O que achou desta minha ideia?

Mas, como qualquer ideia pouco refletida, carregada de esnobismo e de vaidade, o hino nacional cantado por alunos, professores e funcionários, e filmado pelo representante da escola transformou-se em nitroglicerina pura. Foi mote poderoso para os meios de comunicação sempre atentos a tudo que Brasília irradia constantemente.

O ministro Ricardo Velez reconheceu o erro e voltou atrás em sua decisão
Analisando o fato em si, pode-se denotar que a princípio a pasta da educação se mostra um tanto desorientada. Fiz algumas investidas no histórico do professor Ricardo Velez e analisando seu Currículo Lattes percebe-se formação razoável, com atuações discretas em instituições de ensino reconhecidas nacionalmente, com ênfase maior em graduações de filosofia e teologia. Mas o que salta aos olhos neste histórico do Lattes é a pouca experiência com as questões técnicas, didáticas e pedagógicas do Ensino Básico. Não que isso seja imprescindível na situação do cargo. Mas para quem está imbuído na resolução de problema tão complexo quanto a educação brasileira, certamente a ausência deste conhecimento vai fazer muita diferença. 

Os críticos de plantão poderão argumentar que se ele se cercar de especialistas, tem possibilidade de fazer um bom ministério. Mas ainda assim, mesmo atuando há tempos em território brasileiro, sua nacionalidade colombiana pode dificultar o entendimento das exigências e da nossa educação em sua essência. Sem contar que para uma gestão eficaz e de resultados consistentes, se faz necessária uma experiência concreta na condução de projetos pedagógicos sólidos e que busquem indicadores similares aos de Suécia, Dinamarca, Coreia do Sul e outros modelos de sucesso.

Mas, vamos dar tempo ao tempo! Quem sabe este não seja um pequeno lapso de principiante no cargo. Sejamos como Santo Agostinho: 

“Não há lugar para a Sabedoria, onde não há Paciência!”

NOTA AOS LEITORES





Depois de passados um ano e dois meses (dezembro de 2017), numa breve reclusão voluntária, retomo as publicações do nosso Blog, onde a cada semana estarei com vocês.

Aqui traremos assuntos variados como, atividades escolares, conteúdos didáticos, críticas e elogios e tudo aquilo que costumamos fazer desde junho de 2007. Conto com a participação de vocês e os comentários a cada semana.

Sejam muito Bem-Vindos!

Prof. Jairo Brasil

29 dezembro 2017

O FIM DE UMA DÉCADA BLOGUEIRA

Como lembrança fica a última capa do Blog
Dez anos se passaram desde que me comprometi a manter a redação de um artigo por semana aqui neste espaço. O início foi muito tímido, mas os objetivos, creio que foram plenamente atingidos. O primeiro era aprimorar minha escrita e o segundo a criação de um canal de comunicação com meus alunos e alunas, meus amigos e colegas, principalmente aqueles da atividade docente. 

Aprendi muito sobre os sabores e dissabores da escrita. Em alguns momentos confesso tive certas frustrações pela expectativa não confirmada com assuntos e textos que eu acreditava de excelência. Mas também houveram semanas em que senti grande satisfação pela acolhida dos leitores e pela frequência de acesso. Para exemplificar, tive publicações que atingiram recordes de audiência, como estas cinco aqui abaixo:
As cinco postagens com maior acesso, as datas respectivas e
a quantidade de leitores 
Observando o acesso e a audiência das postagens, é nítido o decréscimo desde a inauguração deste veículo e ao longo dos dez anos na rede.

Quando de seu início em junho de 2007, ainda não contávamos com dois dos ícones da comunicação atual: o Facebook e o Whatsapp. Talvez estes sejam sólidos motivos para esta redução de acesso aos blogs, e não só isso, mas essencialmente às leituras mais longas. E isso não é uma "virtude" destas ferramentas. A mim preocupa a redução de leituras da população em geral. No caso do meu Blog, sempre procurei não ultrapassar duas laudas de conteúdo, embora por vezes seja difícil condensar o assunto. 
Estas duas ferramentas superaram as demais 
pela pouca quantidade textual e rápido acesso
Pois bem, nesta última semana de 2017 estou tomando uma decisão um tanto drástica em relação a este filho meu. Sim, é este sentimento que me toma agora. Como se estivesse abandonando um filho que acompanhei ao longo desta década. E esse abandono é muito difícil, mas tem suas justificativas. A redação do Blog tomou minhas tardes de sexta e manhãs de sábado muitas vezes. Houve semanas em que tive de antecipar a redação e programar a postagem. E a tarefa não somente inclui a criação do texto, senão também a escolha e montagem das figuras. Um trabalho hercúleo e sem remuneração. Somente por prazer. 
Nos últimos dez anos dediquei
muitas sextas e sábados à
redação do Blog
Agora, é preciso encarar outros desafios. Estou novamente dedicado à minha formação, através de duas especializações que considero primordiais para me atualizar e não parar no tempo: “Psicopedagogia Institucional” e “Educação Especial-Deficiência Física”. A elas vou dedicar meu tempo ocioso, se é que ele algum diz existiu. Sou um tarefeiro sem tréguas que dificilmente alguém apanha em momentos de descanso pleno. 
A redução de acesso e leitura no Blog acendeu a “luz vermelha” de algo que começa a fazer parte do passado, alguma coisa de certa forma “retrógrada”. E como “profissional da educação” é necessário que o aprimoramento se faça presente também nesta fase de minha vida. Fica somente a saudade de um tempo que não volta mais. 
Não abandonarei de vez as postagens. Ele, o Blog, vai estar lá à minha disposição, para quando quiser fazer “algum desabafo”, comunicar “algo significativo” para aqueles meus leitores cativos, ou ainda, alimentar minha alma com saudosas recordações. Mas não teremos mais a partir de 2018 as postagens semanais. 
Para o polonês Zigmunt Baumann vivemos tempos de
liquidez e superficialidades 


Só espero que meus “seguidores” continuem fiéis em outros canais, como o “Canal do YouTube” e o próprio “Facebook”. E isso enquanto não surgirem outras alternativas, coisa muito comum nestes “Tempos Líquidos”, como observa o sociólogo polonês Zigmunt Baumann. 
Agradeço a todos que me acompanharam nesta “década blogueira”, e que através de seus comentários amaciaram meu ego de escritor e fizeram de mim uma pessoa melhor. Muito Obrigado a todos. Aguardo vocês em outros canais em 2018. Até Lá!!!